quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Um país que não aprende

    O governo federal anunciou segunda-feira a criação de um sistema nacional de alerta e prevenção de desastres naturais. Mas antes que o mecanismo comece efetivamente a reduzir o número de vítimas e os efeitos dos desastres há um longo caminho a percorrer. Longo demais.

     O primeiro passo é a criação de um centro de gerenciamento e controle de informações metereológicas. Em seguida, mapear áreas de risco espalhadas pelo país, tarefa considerada “hercúlea” em documento de análise preliminar entregue à presidenta Dilma Rousseff. Depois, montar uma rede de circulação do sistema de alerta para levar as informações às cidades.

    Em 2010, tivemos tragédia semelhante aos deslizamentos de terra na região serrana do Rio de Janeiro, apenas com número menor de mortes. Agora, para criar um sistema de prevenção para um evento natural que acontece quase anualmente, partimos de um redondo, vazio e assustador zero.

    Diante disso, mais do que revolta, bate um frio na barriga. É o medo de estarmos nos transformando em um país que não aprende com a própria história. A tragédia no Rio é só mais um exemplo disso. As pessoas continuam acreditando em voto de protesto quando o verdadeiro protesto seria eleger políticos sérios para combater os tiriricas que proliferam pelo Brasil afora.

    Collors e Sarneys ainda se elegem, para, algumas semanas depois, aprovarem o aumento dos próprios salários. E, quando a ficha limpa parece uma luz no fim do túnel, o Supremo Tribunal Federal coloca tudo no escuro novamente, e libera a diplomação de Paulo Maluf. Isso para ficar apenas com exemplos da política.

    Se ainda há chance de mudar esse quadro, é o investimento pesado na educação básica. Devemos dar máxima atenção às crianças, ensiná-las a aprender com nossos erros e, principalmente, a não repeti-los. Só um novo tipo de brasileiro, culturalmente comprometido com a evolução poderá nos tirar do estado de estagnação. Os pequenos precisam saber que a história de um país só tem valor quando aprendemos alguma coisa com ela. Do contrário, não passa de um redondo zero. Vazio e assustador.

Texto publicado no Diário Gaúcho de 20 de janeiro de 2011.

Nenhum comentário:

Postar um comentário