terça-feira, 14 de setembro de 2010

Carta ao Da capital ao pampa ou Das coisas que ficaram lá onde deixei o cavalo atado

Por Lucas Loch Moreira

     Longe do pago amassado, onde o tempo descansa e o açoite castiga inocentes, o bom moço que vagueia em campos cibernéticos para trazer frescas as “novas” (que na verdade são praticadas há muito tempo) já é mais subversivo e aterrorizador para alguns do que todos os barbudos de Sierra Maestra juntos e de banho-não-tomado. Sim a vida não é justa, ele sabe disso desde tempos imemoriais. Porém, usar do instrumento fabuloso que é a PALAVRA para combater as iniquidades de gestores de um sistema em eterna falência não é tarefa fácil. Ah se não é! E é por isso que dedico este texto a coragem do homem que deixou sua terra, sua morada, mas não deixou nem um segundo sequer de pensar em melhorá-la. E é com esta coragem que se forjam homens de VERDADE, que não andam de braços dados à mentira, covardia e a injustiça, por que estas são atribuições dos ignorantes, dos tiranos e dos canalhas.

     Validar verdades em terras-sem-lei é quase suicídio, sei disto, mas aqui não há espaço para o temor. Acontece que, no meio de uma síncope desvairada de acontecimentos vis por parte dos que perpassam, ou até atravessam, a máquina pública, tendemos à indignação. Ou melhor, deveríamos assim agir.

     Não deve haver nada melhor, para um cidadão em Porto Alegre, que lambuzar-se de um milho-verde acompanhado com um latão de Polar na Redenção depois de exaustivos trabalhos. Mas há pessoas que trocam as tentações dos prazeres cotidianos por outras nem tão recompensadoras e nada amistosas. Que trocam a solução do silêncio pela da voz ativa. Que sabem que a imparcialidade é um mito e que não é feio mostrar de que lado se está quando se está ao lado da verdade. Que não precisam ganhar dinheiro de um partido político para saber o que irão estampar nas capas de jornais, sites e blogs.

     Antes de julgar um meio de comunicação, ou o próprio comunicador, há um longo caminho intelectual a ser trilhado, algo que um NENÊ ainda não está apto a fazer. Mas mesmo assim faz. E assim deliram os projetos-de-caudilhos que se assentam nas largas e fofas cadeiras azuladas da Câmara de Vereadores de São Gabriel, enquanto não estão gastando as diárias pagas pelo SEU bolso, é claro. Isso demonstra que realmente faz sentido a prática de centenas de jovens gabrielenses que teimam em fazer daquilo uma patente pública, urinando pelas paredes, pois talvez sejam atraídos pelo cheiro de coisas mais podres que vem lá de dentro.

3 comentários:

  1. Inestimado irmão,

    Fico absolutamente honrado com a tua consideração. São versos de sacudir o gaudério no íntimo.

    Esta coluna é escrita justamente para que estimular cada vez mais pessoas a exercerem um pensamento crítico como o teu. Do contrário, não serviria para nada.

    Por menor que seja, ainda existe um grupo, no qual o macanudo autor do texto acima desponta nas linhas de frente, que é incorformado por natureza. Gente quetionadora, que indaga, que não aceita inerte os desmandos do poder.

    A incessante vontade de mudança e expurgação do coronelismo de velhacos, que ainda envergonham e humilham nossa terra, é a movitação constante para seguir em frente. Jornalismo crítico contra os canetaços da tirania.

    Muito obrigado pelo apoio!

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  2. Mas ba! Como escrevem bem estes guris! Parabéns aos dois! Eu bem sei o que o Lucas escreveu, por muitas e muitas vezes poderíamos estar num barzinho, enquanto o Ismael faz buscas incansáveis por dados que comprovem suas investigações. Tudo isso será recompensado um dia, tenho certeza!
    Reclamar por reclamar é fácil, mas ter bases para os seus argumentos e não temer nada, só é feito por quem tem o dom das palavras e do conhecimento. O Ismael tem isso, tem sede de verdade!

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  3. Belo texto e bela luta, assim como o jornalista que conta a história diária, o historiador a remonta. O problema é que a história oficial, o que fica nos cadernos escolares é apenas a história dos vencedores. Não raro é apenas o lado dos opressores. Por isso, há a necessidade urgente do contra-ponto, da contra-capa, de ir contra a mentira estatizada e escamoteada de verdade por pessoas de má índole que ocupam cargos públicos. Nas revoluções é sempre um o destino deles: a forca!

    Vida longa as cabeças ruminantes e suas revoluções!

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